piano so

Piano alone. A Composer's journal. Piano só. Diário de um compositor. Piano seul. Journal d'un Compositeur. Piano Solo. Diario di un Compositore. Klavier Allein. Ein Komponist Tagebuch.












Tuesday, 24 May 2011

Piano sole











"Piano sole" a film by Baal Quinhones


© (P) Nelson de Quinhones



All rights reserved.

Saturday, 22 January 2011

"Fearless". To Humberto Delgado, the Fearless General.



Myself and Ms. Iva Delgado, on stage, symbolicaly beeing given a page from the manuscript of the piece.


Photography by © (p) Manuel Meira.




Photo by © Beatriz Novais (P) Nelson de Quinhones.

January 21st. 2011.



As I was given the opportunity to write and premiere a piece for piano in hommage of the great Humberto Delgado, I could not let this priviledge go by. On the night of the presentation I had the supreme honour of personaly presenting to Humberto Delgado's daughter Iva Delgado a page from the manuscript of "Fearless", as a symbol of this hommage by my friends the historian Daniel Bastos, and his editor Joao Artur Pinto.


My special thanks to Daniel Bastos and Labirinto Editions, through his president editor Joao Artur Pinto, Commissioners of the piece.


Also to the Great Manuel Carneiro [Grafica do Norte, Amarante].
My special thanks, once more, to the great photographer Manuel Meira, my dear friend.


Finally, my strongest embrace and friendship to Ms. Iva Delgado, Chairwomen of the Humberto Delgado Foundation.

Wednesday, 15 December 2010

Dithyramb. Ein Ausgelassenes Befreiungslied. Nach Nietzsche

29 de Novembro de 2010




Cesar Taibo and myself. 12 years later, in Bracara Augusta, EU.






Dithyramb. Ein Ausgelassenes Befreiungslied. Nach Nietzsche.
Particella version for string orchestra and percussion.

Excerpts from a work by artist Isabel Ferreira Alves appear by exclusive and kind permission of the artist. My greatest thankfulness to her, for the use of her work.


Painting (c) (P) 2006 Isabel Ferreira Alves.
Music (c) (P) 1993 Nelson de Quinhones.




Though the sub-title of this piece may now cause me to smile, I do remember the cause for it. For it was the time for us, my friend Cesar [Taibo] and myself, to attempt to learn german, so that we could understand texts on Art that were emanating exclusively in this language, as well as enable us to read in the original some of the authors we loved –and still do–. We were both interested in Hölderlin and Goethe, he caused me to find Trakl and Novalis, authors he was wild about. And then, of course, there was Nietzsche. It was the time of Thus spoke Zarathustra: Nur Narr! Nur Dichter! The Dithyramben, the Klage der Ariadne –on what I also wrote–, and all the rest we could some how decipher. The time for Ruhm und Ewigkeit for us!
Though it was no longer the time of the full impact of my late 80’s Sturm und Drang, it was still very much alive in me the exasperating Romanticism for the writing of a stürmich, Wild Chant of Liberation.
Well, german was difficult. And we are still learning it :-).






All Rights Reserved.

Tuesday, 16 November 2010

Embrace. From "The Principle of Improvisation"

P

Painting "Ser azul I" (c) (P) 2004 Isabel Alves.

Music (c) (P) 2004 Nelson de Quinhones.

Special thanks to artist Isabel Alves, for the kind permission to her work.

"Embrace", Excerpt. From "The Principle of Improvisation".

All rights reserved.

Wednesday, 27 October 2010

Falsificações falsificadas.


“Esperando o Sucesso”, Henrique Pousão, 1882, óleo s/ tela, MNSR.




Falsificações falsificadas. A triteza continua e acentua-se.

Há uns anos atrás conversava com um galerista de uma conceituada casa da grande Miguel Bombarda. Dizia-me ele a certa altura sobre o Informal, que era o estilo mais difícil de receber na sua casa, pois “como não representa nada, não sabemos se é “bom” ou não. Olhamos para a peça e ela pode até ter sido feita por uma criança. Já se representar alguma coisa, já sabemos se está bem feito ou não, se o artista é bom ou não. Por isso só sabemos se o artista é bom ou não com o tempo e com a reacção do mercado: se vender, é porque é bom.”.
Não, não é uma piada. Aconteceu mesmo. A galeria é conceituada, e compreende-se porque não a nomeio, embora esteja convencido que o galerista em questão mantenha ainda a sua “opinião”. A minha reacção foi a que se imagina. Por dentro fiquei abalado. E a conversa não durou mais.
Lembrei-me desta história aquando da primeira destas três notícias sobre apreensões de alegadas “falsificações” de artistas do século XX. Entre as peças que vi na comunicação social estão objectos associados a Miró, Chagall, Picasso, e até Rubens e agora Leonardo, imagine-se (!). O que me chocou não foi a apreensão em si. Sabemos que há um mercado de falsificações, que sempre houve e sempre haverá. O que me repugnou foi toda a miséria que envolveu o acontecimento. Como poderei eu dizer isto? Eles não são Picassos porque são falsificações: não são Picassos porque não são Picassos. Ou seja, não têm de forma nenhuma o que caracteriza um Picasso. Dito de uma forma simplista: simplesmente não têm qualidade. E o mesmo se aplica aos Chagall, aos Miró, e a outros que pude ver na peça sobre a primeira destas apreensões.
E no final de tudo isto, a Polícia judiciária, à luz do que apesar de tudo consegue fazer, que merece e seria suposto poder contar com a perícia de um Eduardo Batarda ou outro eventual [raro] perito com a mesma dimensão, uma vez que não têm a menor obrigação de se especializar em História da Arte, vem dizer que todas esta peças valeriam “mais de um milhão de euros”. Ora eu pessoalmente duvido que se pudesse pedir por uma tela de Rubens menos de cinco vezes esse valor. E ainda mais todos os outros autores. Pior mesmo só seria se tivessem avaliado em “para cima de um dinheirão”.
Ainda a questão do “Rubens” e agora deste “Leonardo”. Pergunto eu: e que anta, que energúmeno é que daria alguns milhões de euros por um Leonardo num antiquário? Com certificado(s) ou não, qual seria a hipótese de encontrar um Rubens ou um Leonardo num antiquário em Lisboa? Já agora um bustinho do Buonarroti, que estão mesmo a sair muito bem. É que quem compra arte desta dimensão, não o fará nunca –ou não o deve fazer nunca– sem a consultadoria de um especialista.
Nesta última apreensão, entre as peças que pude ver, Leonardo nunca faria aquela composição, muito menos estaria no mercado sem uma contextualização histórica internacional, e o mesmo se aplicaria a um Rubens; o “Miró” é demasiado denso, nunca ele pintaria aquilo; o “Kandinsky” é uma contradição em termos, completamente desequilibrado e todo ele ruído; os “Picassos” são risíveis no mínimo, apenas nada têm de Picasso; a “Lempicka” é grotesca, outra contradição; o “Chagall” é um mamarracho adolescente, e a lista continua. Uma profunda e intensa tristeza como se tornou fácil enganar um mercado que atingiu este nível de sensibilidade e ignorância.
Quão distante parece estar o tempo de Hans Van Meegeren!
O que abala verdadeiramente o mundo da arte, em Portugal ou no mundo, se é esse o caso, não é a dimensão das apreensões nem mesmo dos autores implicados, mas a profunda mediocridade e ignorância que perpassa todo o processo, do falsificador ao eventual comprador –duplamente lesado–, até aos meios disponibilizados à instituição que apesar de tudo, fazendo o melhor que pode com o que tem, ainda o consegue detectar e interromper.

Thursday, 14 October 2010

Scene at the table



Scene at the Table






"Scene at the table" (c) (P) Pompeu Miguel Martins.


Music . "Preliminaries" (c) (P) 2004 Nelson de Quinhones.




My thanks to Poet / writer Pompeu Miguel Martins, for this gesture.


It is always a privilege as an honour, for someone to see our work as a landscape on wich to write about.





All rights reserved.

Sunday, 26 September 2010

Inauguration of the Fafe Theatre

(C) Nelson de Quinhones (P) Municipality of Fafe

Published by kind permission of the Municipality of Fafe.
Special thanks also to Mr. Jesus Martinho.

All rights reserved.

Monday, 22 February 2010

Daniel Gonçalves vence o Prémio Manuel Alegre.




Fiquei eufórico pelo merecido prémio de poesia Manuel Alegre atribuído recentemente a Daniel Gonçalves. Sobre ele já aqui escrevi: "o grupo de poetas da minha geração, Daniel Gonçalves é, actualmente, o da minha referência por variadíssimas razões:
- em primeiro lugar é de salientar a atitude, verdadeiramente poeta, por não só escrever mas também manufacturar alguns dos seus livros, remetendo-os para quem merece realmente ler boa poesia. O poeta chega mesmo a enviar para os leitores mais persistentes, por correio, em pequenas edições limitadas, sem distribuidora, livraria, editora e, por fim, de forma gratuita, tal como a própria poesia o deve de ser. Sim, já sei, são vários os bons poetas que já o fazem, alguns em formato PDF, outros também manufacturados... por isso estão na mesma grandiosidade do Daniel. Recentemente fui um dos felizardos, conseguir chegar a tempo e ainda deitei a mão a uma dessas raríssimas obras, antes de acabar o pequeno número de vinte exemplares propostos pelo autor. Uma preciosidade que felizmente não perdi. Textos ímpares, belíssimos do qual vos quero falar e contagiar a leitura com a próxima entrada. Para tal, foi apenas preciso estar atento ao blog do poeta (aqui);
- em segundo lugar, confesso-vos que ando algo farto da poesia contemporânea de alguns autores da minha geração, parte da poesia que por aí anda, e é muita, caiu numa espécie de ensaio da língua, num desdobramento de oficina através do exercício da sinonímia. Quanto maior for o palavrão, maior a complicação. Daniel gosta de se intitular como o poeta da 'Simplicidade' e de facto assim o é. Os melhores versos que encontro na língua de um livro são os dele, simples, leves, puros mas cheios de trabalho, não da língua, mas da gravidade das palavras depois de todo o lixo desaparecer.

In http://carlosvaz.blogspot.com/

Não me revejo completamente nas palavras do meu querido Carlos. Porém, espero que ele me permita incluir aqui este seu texto, que considero merecer uma leitura e reflexão atentas.
Mais tarde escreverei sobre o Daniel, que além de um amigo, é um poeta. Como diria o Valter aquando do "três minutos (...)" Não há maus poetas. Se forem maus, não são poetas. É isto mesmo. Costumo citá-lo várias vezes porque considero que para mim não há mais nada a elaborar sobre isto. É assim mesmo. E o Daniel é um poeta. E viverá tanto quanto as montanhas.
Em breve contarei uma pequena história com ele.

Valter Hugo Mãe em Guimarães.



Anteontem, sábado, ao final da tarde, fui com a Isabel a Guimarães ver e ouvir o Valter no seu lançamento do recente "a máquina de fazer espanhóis".
Extraordinário. Antes passámos pelo Vila Flor, onde vi uma exposição que não me agradou particularmente, para ser delicado.
Valter estava só. Também não precisaria de mais ninguém. Penso que nunca precisou. Entre saborosas leituras do último romance e alusões a "vampiros de Freamunde" -quem lá estava, percebe :-)-, o tempo passou como se não o tivesse feito.
Adorámos. Esceveu algo no meu "Apocalipse (...)", e regressámos.

Sunday, 15 November 2009

Portrait. An Hommage to Merce Cunningham


© (P) Nelson de Quinhones

“Portrait. Hommage to Merce Cunningham” Chamber ensemble 1997. Excerpt [Begining].
For 2 pianos and percussion.

Saturday, 14 November 2009

Scarlett Johansson




Scarlett Johansson. A voice.

Friday, 9 October 2009

L'infortune






Courtesy of Pompeu Miguel Martins.


Thanks to poet/writer Pompeu Martins, for the kind use of an excerpt from a piece of mine, from the 2004 Intimate piano cycle.

Wednesday, 16 September 2009

Terça-feira, 15 de Setembro de 2009.

A Ponte, Braga I

Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009.
A Ponte. Velha-a-Branca, Braga.
A exposição de pintura e música “A Ponte” integra a iniciativa 5-em-linha e estará patente em Braga no Estaleiro Cultural Velha-a-Branca a partir do dia 5, sábado, até ao final do mês de Setembro.
“A Ponte” é evocativa dos acontecimentos ocorridos entre 18 de Abril e 2 de Maio de 1809, aquando das II Invasões Francesas as forças portuguesas defenderam heroicamente a cidade de Amarante. Isabel Ferreira Alves concebeu um ciclo de 15 obras, decorrentes da concepção de uma obra por cada um dos dias daquele período, e o compositor Nelson de Quinhones compôs uma peça para piano e 2 grupos de percussão, formada também em 15 partes. O piano, figura central no espectro sonoro, representa a ponte, as percussões de madeira representam a resistência de Amarante e as percussões de metal representam as forças francesas. A peça é emitida durante toda a duração da exposição.
A iniciativa 5-em-linha decorre da sincronização das agendas culturais de cinco espaços culturais daquela cidade - Velha-a-Branca, Museu Nogueira da Silva, Livraria Centésima Página, Pedro Remy – Cabeleireiros e o Museu da Imagem – que todos os primeiros sábados de cada mês pelas 17h inauguram ao mesmo tempo cada uma das suas exposições nestes cinco espaços culturais da cidade.
Publicada por Ferreira Alves em 11:15.

do humano na política

01 de Setembro de 2009, 21.43.

do humano.

Entrevista a Judite de Sousa no Canal 1 da RTP.
Esta foi a mais humana entrevista de José Sócrates como Primeiro Ministro, de sempre. Refiro-me mais à forma do que ao conteúdo. Nem Hard nem soft, designações patetas de pseudo-analistas de quem há demasiado tempo se espera bem mais e melhor. É uma questão de personalidade e da forma tal como a veiculamos publicamente. É uma questão de humanidade. Teria sido muito bom que assim tivesse sido sempre. Não foi, agora não importa. Como encontramos na filosofia japonesa clássica, o passado não existe.
Importa agora tomar a consciência do que se alcançou a este nível, e continuar.

Vetos presidenciais

01 de Setembro de 2009, 21.37.
Vetos presidenciais.

Meu deus, o Presidente da república veta uma proposta do governo e subitamente há uma indisposição entre Belém e São Bento. Por favor, deixem-no vetar o que ele muito bem entender.
O Presidente da República já tem poderes tão explícitos e definidos, se não vetar aquilo com o qual não concorda, então o que esperar de uma democracia adulta?
Aliás, pouco depois, aprovou uma proposta que passou na Assembleia da República apenas com os votos da maioria socialista. E agora, o que dizem os homo insipiens deste país, como o meu querido Séneca tão bem o colocava.
Eu até nem concordo com este veto, mas concordo que ele possa discordar, e agir nesse sentido. Esta é toda a diferença.
Passaram 35 anos, por favor!

Pregão

Domingo, 30 de Agosto de 2009
Pregão.

Sunset in my mind, this evening
Some even say they would die for me
(...)
But life has no goal
Life has no goal without fantasy.

Somethings are better left unsaid
Some people are better left untrusted.
Maybe, maybe it’ll all make sense
When I’m dead
When I’m dead

Old friends for sale
(...)
Watch out, they’ll kiss you
Untill they get what you’ve got
Then they’ll show you the friends
That they were
Old friends For sale

Old friends for sale, canção inédita de Prince Rogers Nelson. Excerto. © 1986.

Telma Monteiro


27 de Agosto de 2009. Á tarde.

Telma Monteiro.

Pausa no piano para ver a Grande Telma Monteiro. Seria pausa no que quer que fosse. Vai começar.
Que nervos, que minutos intensos! Pareceram o triplo. Francamente, não sou nem nunca fui mau perdedor, mas mais uma vez pareceu-me muito amarga esta prata.
O anterior consenso entre os árbitros de que o “judo negativo” não seria tolerado, não parece ter sido aplicado à adversária Morgane Ribout.
Em judo sou menos que leigo, mas pareceu-me injusta uma das faltas a Telma por falso ataque, e pareceu-me mais do que evidente e merecida a falta a Ribout pelas mesmas razões: estes dois pontos teriam significado o ouro. Isto parece ridículo da minha parte, ou será mesmo, pois até os comentadores da 2:, especialistas, consideraram a vitória francesa justa. Um ponto, um! Adiante.
Esta mulher tem genes de gata, um misto de leoa com um personagem de Kurosawa, extraordinário!
Parabéns pela prata! O ouro vem a seguir.

Jantar de Chegada de Férias

25 de Agosto de 2009
Jantar de chegada de férias.
Há noite, jantar em casa do Pompeu e Landa. Regressados do Algarve, e com um bronzeado tão saudável como invejável, este é um jantar de regresso de férias, a quatro. A Landa sai por momentos para ir buscar os meninos a Antime.
Mesmo antes de nos cumprimentar, o Guilherme exibe orgulhoso os vestígios, no joelho, de uma queda. É engraçado como, quando somos miúdos, nos sentimos orgulhos das nossas cicatrizes, e as exibimos como um troféu. Porque não mantemos nós este sentimento na fase adulta?

King Lear


Domingo, 09 de Agosto de 2009.
King Lear.

Quando o filme Balada da Praia do Cães saiu, tive uma grande surpresa. Raul Solnado, que eu conhecia como humorista, o mais conceituado humorista português, havia feito um personagem assustador, intenso, inesquecível. Aquele homem, aquele homem que eu conhecia como humorista, era um actor. Um verdadeiro, excelente actor.
Disse então à minha avó que queria escrever-lhe, ao Raul Solnado, para lhe dizer isso mesmo, o quanto me tinha impressionado o seu trabalho no filme.
A escrita da carta demorou-se, por esta ou aquela razão, e um dia ouço-o dizer numa entrevista que ele havia tido precisamente essa reacção, de forma pessoal, por parte de certas pessoas. Disse que isso o havia incomodado, que se sentira ofendido até, que se ofenderia seriamente se tornassem a dizer-lhe o quanto ele havia surpreendido com o filme, pois pensava que era já adquirido para o público que ele era um actor, e como tal, capaz de fazer tudo. Claro que fiquei muito descansado por não ter ainda escrito a tal carta. Em todo o caso, achei um pouco abusivo o facto de ele se ter permitido ofender por isto. Adiante, passou.
Passámos por ele uma vez. Foi a única vez que o vimos pessoalmente, eu e a Isabel, no ArteLisboa. Ia ele com um amigo, cruzando-nos à entrada do stand de uma galeria. Um breve momento tão furtivo como feliz e divertido, para nós.
Hoje, Domingo, ao final da tarde, fomos passear até à pista de ciclo-turismo. Eu e a Isabel e os meninos –Baltazar e Valquíria, os nossos dois cãezinhos, entenda-se–, e eu contei-lhe esta história. E como, ainda assim, agora que o Raul Solnado havia falecido, gostaria de lhe ter escrito a tal carta.
E disse-lhe ainda que havia desaparecido o melhor King Lear que poderia ter sido feito até hoje em português. Que nos últimos anos ele seria o Lear ideal, que seria agora o personagem paradigmático para ele. Emocionei-me, que desperdício estúpido, que oportunidade perdida!
“Porque não lhe escreveste a dizer-lhe isso mesmo?”.

The weight of this sad time we must obey;
Speak what we feel, not what we ought to say.
The oldest hath borne most

You have to keep moving. I think there’s always something. Merce Cunningham I

© Annie Leibowitz

02 de Agosto de 2009.
Merce Cunningham

Esta é uma noite muito triste. Cerca das dez e meia, ironia impressionante, de entre tantos títulos possíveis, estava a espreitar uma peça sobre, e dedicada a, Merce Cunningham, de há uns anos. Levantei-me para confirmar um pequeno pormenor de orquestração em um outro documento, e oiço no jornal da noite da 2: que ele havia falecido hoje.
Sentei-me.
Nos últimos anos, desde a morte de John Cage, Merce Cunningham vivia só e num quotidiano simples. Dizia que começava o dia com pequenos exercícios físicos, ainda deitado na cama, com a sensação de lhe doía tudo. Titubeava até à cozinha, aquecia água e preparava um chá. Sentado já com o chá e mexendo os cereais, escrevia e pintava sobre um bloco omnipresente.


My drawing skills are minimum, and I can´t make straight lines. So I decided (for) plants and animals.


Nessa altura os seus gatos apareciam, e ele conversava com eles “umas vezes em francês, outras em inglês”. Acabava o pequeno almoço, vestia-se e fazia mais uma hora de exercícios. Punha-se então a caminho do estúdio, onde chegava por volta das dez e meia. Tinha mais de oitenta anos.


You have to keep moving. I think there’s always something.


Cerca das onze e meia, a isabel telefonou-me e disse-me o merce cunningham morreu, não foi? Quando ouvi, lembrei-me de ti. A Pina Baush e ele... no mesmo mês.
Adorava-o. Deu-me sempre a certeza de que a Paz era possível. E dava-me sempre muito mais. Ainda dá.

César na Ucrânia e Roménia


O César e eu. Braga, Dezembro de 2004. Eu em versão Jacinto Lucas Pires, o que tanto incomodava, e com razão, a Isabel. Foto do Pompeu.

23 de Julho de 2009.

César em Sinferopol, na Ucrânia, e Constanza, na Roménia.

O César embarcou para a Ucrânia. Se possível dará um salto à extraordinária cidade costeira de Constanza, na Roménia.

Há dias comentávamos hilariantes a forma como os romenos caracterizam a Transilvânia como uma terra bonita e convidativa, tudo o que a cultura popular ocidental fez questão de deturpar. E também a forma como preservam uma memória positiva do seu rei Vlad Tepes, um autêntico herói nacional, cujos hábitos de empalamento, lembram, não divergiam muito dos de qualquer outro rei seu contemporâneo. Lembram acima de tudo que os empalamentos públicos faziam parte de um processo de propaganda defensiva contra o avanço islâmico, e que foi graças a ele que o Islão não se fixou naquela zona e, consequentemente, no resto da Europa.

E têm razão pelo menos no que toca a crueldade. Ivan, o Terrível, por exemplo, além do seu nome, infelizmente não deixou na memória colectiva as verdadeiras e aterradoras razões para o seu cognome.
E a imagem de Vlad Tepes como o Drácula fica mesmo para os turistas.

Veremos como corre.

Abschied und Danke


30 de Junho de 2009.

Abschied und Danke, Geliebte Pina Bausch.