Piano alone. A Composer's journal. Piano só. Diário de um compositor. Piano seul. Journal d'un Compositeur. Piano Solo. Diario di un Compositore. Klavier Allein. Ein Komponist Tagebuch.












Wednesday 16 September 2009

do informal I



Quando escrevemos uma peça segundo regras composicionais, a partir de técnicas harmónicas tonais, ou seja, mediante a artificial e humana hierarquia de tons a partir de um dado grau, de uma dada nota, agimos um pouco como a forma como os egípcios representaram o corpo humano por mais de três mil anos, ou seja, a partir de regras aparentemente imutáveis acercas da forma como este deveria ser correctamente representado.
Para tal, os egípcios do período clássico conceberam e aperfeiçoaram ao longo de séculos, um conjunto de regras espaciais bidimensionais e tridimensionais para a projecção e apresentação de uma imagem do corpo em duas ou três dimensões. Faziam-no, de entre outras formas, a partir de grelhas que atribuíam apriori uma dimensão e, acima de tudo, uma proporção para cada parte constituinte do corpo humano. Tal princípio seria consequentemente adaptado a qualquer outra representação no quotidiano. Apreendida esta relação interna de uma forma subconsciente, a mensagem pictórica subjacente às imagens seria assim facilmente reconhecida por gerações de observadores, numa coerência contínua de percepção artística, rara em toda a nossa história. Aliás, na Renascença, observámos um fenómeno semelhante com a perspectiva e os com os pontos de fuga.
Quando em 2003 escrevi um texto sobre a obra da Isabel, mencionei intencionalmente o que considerei ser a mais importante característica do informalismo matérico: a sua condição eminentemente Aberta. Na altura comparei-a directamente com a criação do António Ramos Rosa, um poeta que apresenta precisamente, na inóspita objectividade das palavras, esta característica.

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