Piano alone. A Composer's journal. Piano só. Diário de um compositor. Piano seul. Journal d'un Compositeur. Piano Solo. Diario di un Compositore. Klavier Allein. Ein Komponist Tagebuch.












Wednesday 16 September 2009

A Ponte III



Da esquerda para a direita: João Pinto, a minha amiga de infância e cunhada Kiko (Alexandra Pinto), Isabel, Délia, eu, César, Mestre Manuel Carneiro e o Grande Júlio Cunha.

20 de Abril de 2009.

A ponte III

Inauguração da exposição A ponte em Amarante, no histórico dia 18 de Abril de 2009.

Texto do Pompeu para o Programa da Exposição.


A PONTE




Quinhones habituou-nos às narrativas na música, umas mais longas que outras, outras mais conceptuais, outras emoção pura e fixa no tempo.
Esta abordagem às invasões francesas e à resistência ocorrida na ponte de Amarante é exemplo desse aprofundamento cénico, trazido até nós sob a forma de música, com a divisão dos postos militares reflectida nas escolhas dos instrumentos: os metais representando o exército francês, as madeiras em representação da resistência portuguesa e a feliz opção do piano tomando a identidade da Ponte.
Detenho-me no sentido da Ponte, na sua contemplação, no seu aspecto duradouro. Uma Ponte de sentimento quase metafísico que o piano impõe ao assumir-se Ponte, ou seja ao assumir uma voz que vem, mais do que da síntese do combate, da análise sobre o que ficou de perdurável nesse (des)encontro de Homens. Já morreram os Homens e não esmoreceu a Ponte.
A estética da Ponte, a sua ideia e os seus valores não pereceram, nem se esgotaram na duração do conflito. Nela temos, com a música de Quinhones, um piano que conta e nos dá conta daquilo que ficou na sua material monumentalidade, mas também na sua intangibilidade onde reside o sentido da História que só é tocável porque no seu curso couberam gerações de Homens emergidos de um processo identitário que também ali se resolveu durante os dias de ocupação e de combate.
Nelson de Quinhones a regressar ao nosso contacto como se fosse em jeito de crónica, mas não de crónica Histórica, a regressar no seu jeito conceptual, a burilar na expressão contemporânea o emergir de um tempo passado que se imiscui no tempo dos tempos.
Uma obra que é uma narrativa e uma narrativa que é uma celebração de identidade, sob a forma de música, música quase corpo, quase voz sobrevivente e futura do tempo.


Pompeu Miguel Martins - Escritor
Abril de 2009.

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