
02 de Agosto de 2009.
Merce Cunningham
Esta é uma noite muito triste. Cerca das dez e meia, ironia impressionante, de entre tantos títulos possíveis, estava a espreitar uma peça sobre, e dedicada a, Merce Cunningham, de há uns anos. Levantei-me para confirmar um pequeno pormenor de orquestração em um outro documento, e oiço no jornal da noite da 2: que ele havia falecido hoje.
Sentei-me.
Nos últimos anos, desde a morte de John Cage, Merce Cunningham vivia só e num quotidiano simples. Dizia que começava o dia com pequenos exercícios físicos, ainda deitado na cama, com a sensação de lhe doía tudo. Titubeava até à cozinha, aquecia água e preparava um chá. Sentado já com o chá e mexendo os cereais, escrevia e pintava sobre um bloco omnipresente.
Nos últimos anos, desde a morte de John Cage, Merce Cunningham vivia só e num quotidiano simples. Dizia que começava o dia com pequenos exercícios físicos, ainda deitado na cama, com a sensação de lhe doía tudo. Titubeava até à cozinha, aquecia água e preparava um chá. Sentado já com o chá e mexendo os cereais, escrevia e pintava sobre um bloco omnipresente.
My drawing skills are minimum, and I can´t make straight lines. So I decided (for) plants and animals.
Nessa altura os seus gatos apareciam, e ele conversava com eles “umas vezes em francês, outras em inglês”. Acabava o pequeno almoço, vestia-se e fazia mais uma hora de exercícios. Punha-se então a caminho do estúdio, onde chegava por volta das dez e meia. Tinha mais de oitenta anos.
You have to keep moving. I think there’s always something.
Cerca das onze e meia, a isabel telefonou-me e disse-me o merce cunningham morreu, não foi? Quando ouvi, lembrei-me de ti. A Pina Baush e ele... no mesmo mês.
Adorava-o. Deu-me sempre a certeza de que a Paz era possível. E dava-me sempre muito mais. Ainda dá.
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